terça-feira, 1 de junho de 2010

Em Roma: Ave, César!


Quem tem boca vai a Roma. Se tiver celular, chega ao hotel...

Achar o hotel à noite, numa rua sem placas e de péssima iluminação, não foi fácil. Primeiro, óbvio [lembram-se da lei de Murphy?], escolhi a direção errada ao chegar na rua. Eu devia ter me lembrado do meu (inexistente) talento para o chute e devia ter escolhido a direção oposta à primeira escolha. Andei, andei e não encontrei o meu hotel, mas achei outro hotel onde eu entrei para pedir informações do concorrente. Quem me atendeu não conhecia o meu hotel, mas me indicou o óbvio, novamente: eu havia tomado a direção oposta. Voltei, voltei, passei, pela segunda vez, por um pessoal que devia trabalhar no restaurante indiano que estava fechando. Eles me olharam como se eu fosse um ET. A um certo ponto percebi que o meu hotel, tecnicamente, não existia. Liguei para lá (abençoado celular! Não fosse ele, talvez eu estivesse até hoje, em Roma, procurando o hotel...). O cara da recepção não sabia onde ficava a rua onde eu estava, num cruzamento com a Principe Amedeo(a rua do hotel), mas como ele me disse uma rua de orientação, a Cavour, eu peguei o meu guia de Roma (da Folha, excelente para quem tem bom senso de direção. Mas não é culpa dele. Explicação: ele tem mapa, mas muitas ruas de Roma não possuem placas com os nomes[ou parecem ter mudado de nome], então você tem de escolher um monumento [que, graças a Deus, existem aos montes] e ir estudando as direções), procurei a Carlo Cataneo (a tal rua misteriosa) e a Cavour e então verifiquei que se eu não tivesse telefonado acabaria passando por ele. Só pra me fazer gastar dinheiro... O hotel não era mau, mas o meu primeiro dia, graças à minha ignorância do funcionamento da torneira do chuveiro e à uma janela que não fechava, foi decepcionante, frio e sem banho! O aquecedor, por causa da janela que não fechava, não dava conta de aquecer o quarto. Enquanto lia uma revista(brasileira) para passar o tempo, já que estava sem sono e sem fome, tive de encostar meus pés no aquecedor, o que me obrigava a um movimento de encosta-desencosta porque o calor começava a queimá-los. O pessoal, no entanto era muito legal, o café era bom (bebi uma jarrinha de chocolate com panetone [pena que a cozinha não funciona depois do café, o que obriga os hóspedes a comerem fora]). Na manhã do dia 26 eu saí: dobrei a esquina da Principe Amedeo em direção à Santa Maria Maggiore(meu norte), entrei, agradeci a boa viagem, acendi uma ‘vela’ (na verdade, coloquei uma moeda de 0,50 euro e a ‘vela’ acendeu, como por mágica, ou, melhor nesse caso, milagre), saí contornei a Igreja e fui descendo. Ali há umas árvores lindas que naquele dia, em função da estação, estavam com as folhas amareladas. O inverno produz uma luz linda para fotografias na Itália (imagino que na Europa em geral). Fui descendo, passei no Ministero degli interni (que fotografei, há umas árvores, sempre elas, lindas), e fui caminhando sem destino, apenas tendo atenção ao caminho percorrido para não me perder, e desse modo cheguei à Piazza della Repubblica, à Santa Maria degli angeli (onde casaram-se há algum tempo os Savóia que ficaram papais quando eu estava em Amalfi). Resolvi, então, ir até a fontana de trevi: dei meia volta e me dirigi à fonte, passei pela Piazza di San Bernardo, pelo Quirinale (cujo jardim é belíssimo, fiz várias fotos) e segui por umas ruazinhas estreitas até que de repente me vi diante da fontana di trevi: se ela não é grandiosa como aparece nas fotos, também não é minúscula como muitos me disseram. Entrei numa sorveteria, após fazer uma foto da fonte, e comprei um sorvete (limone e malaga [passas ao run]) e fui tomá-lo na rua, enquanto observava os outros turistas, em bandos, sorridentes e falantes. Nessa hora deu uma certa solidão, não havia ninguém para eu fotografar ou para me fotografar. Não joguei uma moeda na fonte (acho que acender uma vela na Igreja deve ter mais força do que uma superstição). Comprei duas camisetas (uma com o Romolo e o Remo bebendo conhac e outras coisas na loba, e a outra com o Asterix em primeiro plano e o Colosseu atrás) para as minhas sobrinhas e voltei ao hotel.

No próximo post, embarcaremos num trem rumo à perdição...

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