sábado, 5 de junho de 2010

Amalfi

Um lugarejo muuuiiiitttto charmoso!!! É uma cidadezinha pequenininha, com pouquíssima área plana. Poucas pessoas moram na parte plana, que é também o centro da cidade, e quem mora alí não mora muito bem, pois não há espaço para um quintal decente. A única vantagem é.... não vejo nenhuma: não há mercado, no sentido tradicional, há uma feira que acontece lá para cima, seguindo pelo calçadão principal. Por ali há uma padaria que faz um pão delicioso, mas que devido ao toicinho deve fazer mal à saúde, e também, no calçadão principal, novamente, há uma confeitaria de-li-ci-o-sa (não a confeitaria, os doces!). Também há uma sorveteria com uns sorvetes deliciosos (delicioso, aliás, é um adjetivo muito repetido no que toca à comida na Itália). Minha família mora na encosta, como 90 % da população (uma escada de 245 degraus levava à casa. Ou seja, um passeio rendia um exercício de 490 degraus!), o que foi muito útil. Permitiu-me manter um peso razoável, apesar do excesso de comida (deliciosa) a que fui submetida. O fato de morarem no alto, em um terreno em declive, no entanto, não os impede de plantar: havia limões (que estavam verdes, mas que maduros ficam do tamanho de um melão pequeno), laranjas (todo dia eu tomava um copo de suco de laranja recém-arrancada), couve-flor, brócolis, tangerina, alface, escarola, ameixa e otras cositas mas.
A Grotta dello smeraldo é um pouco decepcionante: eu achava, pela fotografia que vi num livro, que ela era maior (o guia disse que o passeio durava 15 minutos; eu digo que eram 5 min. para entrar no barco, 5 para fazer o passeio e 5 para sair do barco). Aliás, a Grotta dello smeraldo registra o primeiro parto subaquático da história: o de nossa senhora. Há um presépio subaquático com Maria, José e Jesus. E ninguém mais, porque animais não gostam de água e os três reis magos, oriundos do deserto, nunca tiveram oportunidade de aprender a nadar.
Dia 1º de janeiro houve uma festa muito bacana na escadaria da catedral (aliás, durante a semana cobram 2 euro de entrada, mesmo que você só queira rezar!). Um grupo formado por pessoas de todas as idades, de crianças a adultos, cantavam músicas napolitanas, tocavam músicas com instrumentos que eu nuca vira antes, mas que produziam uma música muito bela e emocionante.
E não posso deixar de falar da festa da Befana!! Um acontecimento!! Imagino que, embora a lenda a ligue a Jesus(ela teria sido a mulher que negou um quarto a Maria na noite do nascimento de Jesus e que depois se arrependeu!), o caráter da festa seja mais ligado ao das festas anteriores a Cristo, afinal, havia o desfile dos produtos da região, mas, ao mesmo tempo, havia os três reis magos, que eram cidadãos locais pintados de carvão para parecerem mais escurinhos... Diga-se de passagem, o ÚNICO homem bonito que vi(bonitinho, na verdade) na Itália foi um desses, mas não era um dos reis magos, era um puxador de jumento, muito p*** por estar ali, de vestido, pintado e puxando jumento... As crianças são bonitinhas, vestidinhas de anjo ou agricultor...

No próximo post veremos que nem só de Amalfi é feita a província de Salerno!

p.s.: havia um açougueiro bonito, mas eu tremo só de pensar em namorar com alguém que pode me matar e sumir com o corpo facilmente!!

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Um trem para a perdição...



Do hotel, fui para a estação, comprei bilhetes para Napoli e para Vietri sul Mare, que eu achava ser o nome da estação de Amalfi e que, na verdade, era uma cidade (se é possível chamá-la assim) e peguei um trem para Amalfi. Essa escolha me valeu uns euros de desconto no bilhete. Explicação: quando liguei para a Dora, ela me disse para ir até Salerno, uma estação depois de Vietri, que eles me pegariam lá. Comprei outro bilhete para lá? Claro que não. Viajei uma estação de graça, o trem era tão pequeno que só havia o condutor, o bilhete era validado na estação de partida, ou seja, Napoli. A propósito: no trem para Roma esqueci de validar o bilhete antes de embarcar, mas não ardi no inferno por isso, nem fui jogada para fora. O bilheteiro validou o bilhete no trem. Há inclusive a venda de bilhetes no trem, com o próprio, mas sai mais caro e aí, talvez, ele não o olhe com simpatia.

Conoscere Napoli e poi... morire...

Napoli merece um comentário e um título à parte, ainda que eu nem mesmo tenha saído da estação. Nenhum napolitano admite (nem sob tortura, nem mesmo que ameacem a vida de sua mãe ou filhos) que não sabe algo. Sabe aquela história de que homem não admite que está perdido? É mais ou menos isso. Quando saltei em Napoli, eu me vi perdida numa estação com várias plataformas, afinal, alí é uma estação que serve de passagem para muitas outras cidades. Logo, eu não tinha a menor idéia de qual plataforma escolher. Perguntei a um carregador qual era a plataforma (ele deveria saber, afinal ele coloca malas no trem. [Agora imagino se as pessoas que entregam as malas a ele algum dia as vêem de novo. Talvez as malas estejam na Indonésia, agora, surfando]). Indicou-me uma e eu, ingênua, fui para lá. Um fedor miserável de urina (será que alguém faz xixi tão em público? Quem quer que tenha peito para faze-lo, certamente é homem[perdoem-me os meninos, mas quantas mulheres são vistas se aliviando em público?]) e nada de trem. Fiquei lá uns minutos, mas comecei a me sentir esquisita: será que eu iria ser a única pessoa a embarcar no trem? Resolvi pedir uma segunda opinião. Dessa vez, porém, o cara (outro) resmungou qualquer coisa incompreensível. Procurei uma terceira opinião. O cara me apontou uma tv onde se via algo que parecia os animais vencedores nos vários páreos de uma corrida de cavalo. Resolvi desencanar(desencanar, aliás, é uma gíria esquisita: quando foi que nos tornamos canos para, então, desencanar?) e fui comprar uns cartões postais pra mandar pro povo daqui. Comprei-os e voltei a procurar uma luz. Olhei o bilhete e vi algo como piazza garibaldi, não lembro bem e agora não acho o bilhete. Enfim, vi um nome: comecei a procurar e achei uma placa indicando a tal piazza. Finalmente, a Luz!! Desci umas escadas, gente, como sofri com a mala da mala(as rodinhas fazem com que, nas horas mais impróprias, ela vire! Mas ruim com elas, pior sem elas.), mas cheguei lá e, na plataforma, conheci um senhor que foi meu guia turístico até Vietri, onde saltou. Indicou-me para onde olhar quando passamos por Pompei Ercolano e mostrou-me onde era Capri.

No próximo post eu digo o que achei dos lugarejos italianos...

terça-feira, 1 de junho de 2010

Em Roma: Ave, César!


Quem tem boca vai a Roma. Se tiver celular, chega ao hotel...

Achar o hotel à noite, numa rua sem placas e de péssima iluminação, não foi fácil. Primeiro, óbvio [lembram-se da lei de Murphy?], escolhi a direção errada ao chegar na rua. Eu devia ter me lembrado do meu (inexistente) talento para o chute e devia ter escolhido a direção oposta à primeira escolha. Andei, andei e não encontrei o meu hotel, mas achei outro hotel onde eu entrei para pedir informações do concorrente. Quem me atendeu não conhecia o meu hotel, mas me indicou o óbvio, novamente: eu havia tomado a direção oposta. Voltei, voltei, passei, pela segunda vez, por um pessoal que devia trabalhar no restaurante indiano que estava fechando. Eles me olharam como se eu fosse um ET. A um certo ponto percebi que o meu hotel, tecnicamente, não existia. Liguei para lá (abençoado celular! Não fosse ele, talvez eu estivesse até hoje, em Roma, procurando o hotel...). O cara da recepção não sabia onde ficava a rua onde eu estava, num cruzamento com a Principe Amedeo(a rua do hotel), mas como ele me disse uma rua de orientação, a Cavour, eu peguei o meu guia de Roma (da Folha, excelente para quem tem bom senso de direção. Mas não é culpa dele. Explicação: ele tem mapa, mas muitas ruas de Roma não possuem placas com os nomes[ou parecem ter mudado de nome], então você tem de escolher um monumento [que, graças a Deus, existem aos montes] e ir estudando as direções), procurei a Carlo Cataneo (a tal rua misteriosa) e a Cavour e então verifiquei que se eu não tivesse telefonado acabaria passando por ele. Só pra me fazer gastar dinheiro... O hotel não era mau, mas o meu primeiro dia, graças à minha ignorância do funcionamento da torneira do chuveiro e à uma janela que não fechava, foi decepcionante, frio e sem banho! O aquecedor, por causa da janela que não fechava, não dava conta de aquecer o quarto. Enquanto lia uma revista(brasileira) para passar o tempo, já que estava sem sono e sem fome, tive de encostar meus pés no aquecedor, o que me obrigava a um movimento de encosta-desencosta porque o calor começava a queimá-los. O pessoal, no entanto era muito legal, o café era bom (bebi uma jarrinha de chocolate com panetone [pena que a cozinha não funciona depois do café, o que obriga os hóspedes a comerem fora]). Na manhã do dia 26 eu saí: dobrei a esquina da Principe Amedeo em direção à Santa Maria Maggiore(meu norte), entrei, agradeci a boa viagem, acendi uma ‘vela’ (na verdade, coloquei uma moeda de 0,50 euro e a ‘vela’ acendeu, como por mágica, ou, melhor nesse caso, milagre), saí contornei a Igreja e fui descendo. Ali há umas árvores lindas que naquele dia, em função da estação, estavam com as folhas amareladas. O inverno produz uma luz linda para fotografias na Itália (imagino que na Europa em geral). Fui descendo, passei no Ministero degli interni (que fotografei, há umas árvores, sempre elas, lindas), e fui caminhando sem destino, apenas tendo atenção ao caminho percorrido para não me perder, e desse modo cheguei à Piazza della Repubblica, à Santa Maria degli angeli (onde casaram-se há algum tempo os Savóia que ficaram papais quando eu estava em Amalfi). Resolvi, então, ir até a fontana de trevi: dei meia volta e me dirigi à fonte, passei pela Piazza di San Bernardo, pelo Quirinale (cujo jardim é belíssimo, fiz várias fotos) e segui por umas ruazinhas estreitas até que de repente me vi diante da fontana di trevi: se ela não é grandiosa como aparece nas fotos, também não é minúscula como muitos me disseram. Entrei numa sorveteria, após fazer uma foto da fonte, e comprei um sorvete (limone e malaga [passas ao run]) e fui tomá-lo na rua, enquanto observava os outros turistas, em bandos, sorridentes e falantes. Nessa hora deu uma certa solidão, não havia ninguém para eu fotografar ou para me fotografar. Não joguei uma moeda na fonte (acho que acender uma vela na Igreja deve ter mais força do que uma superstição). Comprei duas camisetas (uma com o Romolo e o Remo bebendo conhac e outras coisas na loba, e a outra com o Asterix em primeiro plano e o Colosseu atrás) para as minhas sobrinhas e voltei ao hotel.

No próximo post, embarcaremos num trem rumo à perdição...