quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

A mentira nossa de cada dia...

Num outro post, eu falei sobre felicidade e exemplifiquei usando um filme chamado 'o espelho tem duas faces' (Ser Feliz é Fucking Great). Hoje eu lembrei de outro filme, também sobre casamento e amor, com a Jennifer Aniston e o Vince Vaughn. Tal como o primeiro, esse filme fala sobre problemas no casamento, problemas comuns a muitos casais, mas o denominador comum é que a mentira se entrelaça entre os casais e protagoniza os filmes.

Tudo bem, admito que não dá para ser 100% honesto. O homem que, perguntado pela esposa a respeito do peso dela, responder honestamente que ela está gorda, provavelmente se verá em meio a uma tempestado nunca antes vista. Está certo que há perguntas para as quais não há resposta correta e que não importa o que o homem responda, ele sempre vai estar errado. Tenho pena deles nessas horas e me digo sempre que, se um dia me casar, tentarei ao máximo não pôr meu amor numa saia justa dessas. Não sei se conseguirei. Só o tempo dirá. Aqui, no entanto, não pretendo tratar das mentiras contadas pelos homens, nem tampouco das mentiras contadas aos homens, mas das mentiras que as mulheres contam a si mesmas.

Nós mulheres percebemos longe quando nossos relacionamentos estão capengando, mas nem sempre tomamos as decisões corretas. A personagem de Barbra Streisand, apesar de saber que estava entrando num casamento furado, preferiu viver a mentira de que aquilo que recebia lhe bastava. A personagem de Aniston sabia que o comportamento do marido a incomodava, mas ao invés de falar-lhe francamente, preferiu um confronto indireto, permeado de mentiras. Provocar ciúmes é uma faca de dois gumes, e é uma faca que raramente corta a nosso favor, muito mais fácil é que, quando o sangue comece a jorrar, ela se torne escorregadia e acabe cortando nossa própria mão. Ciúme não é prova de amor e não é meio de atrair para nós a pessoa que amamos. Mas não são raras as vezes em que nos sentimos tentadas a testar o amor de nossos parceiros provocando-lhes a mosquinha azul do ciúme. A personagem de Aniston foi até onde parecia impossível. Não se pode dizer que tenha perdido o amor de seu marido, pois o filme termina insinuando que poderia haver volta entre eles, mas vale à pena ir tão longe quanto ela foi? Ferir o outro é a maneira mais eficaz de demonstrar nossa dor? Sofri muito com mentiras na minha adolescência, também não cabe aqui entrar em detalhes. São coisas passadas. Mas desenvolvi um zêlo extremado pela verdade. Acredito que é melhor perder um amor honestamente a mantê-lo sob o jugo da mentira. Mentir para quem amamos nos escraviza de tal modo que em algum momento nos tornamos aterrorizados permanentemente. Vivemos sob o peso do medo de sermos descobertos. Vale à pena viver um amor baseado na mentira? Pode-se chamar de amor um sentimento que convive pacificamente com a mentira? Cada mentira que a personagem contou só serviu para afastá-lo mais dela. Teria sido mais eficaz ela confrontá-lo a respeito das atitudes que a magoavam, mas a verdade é que ela não tinha coragem de lhe falar de frente.

O amor é a base de tudo o que somos e se não sabemos vivê-lo em meio à verdade, então não somos mais do que uma mentira. É preciso buscar a verdade que trazemos em nós e defendê-la com unhas e dentes para encontrar a felicidade. Sem uma, a outra não existe. A mentira pode parecer mais fácil, mas ela tem pernas curtas. O amor, não, logo, mesmo a mais inocente mentira não consegue acompanhá-lo em uma caminhada que se prolongue um pouco mais e o fim de quem levanta sua morada sobre a mentira é o de caminhar sozinho.

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